PERSPECTIVAS PARA 2013: INDÚSTRIA, IMÓVEIS, EMPREGO, SAÚDE, CONSUMO, TECNOLOGIA E CORRUPÇÃO.
Superado o
desafio de 2012, em que o PIB subiu apenas 0,98%, empresários e dirigentes
revelam suas apostas para 2013.
O “pibão”
encomendado pela presidente Dilma não deve crescer mais que 3% em 2013. Fatores
como a estagnação internacional, a alta carga tributária e a falta de
infraestrutura retardam o crescimento da economia brasileira. Por outro lado, o
câmbio supervalorizado, a baixa taxa de juros, os cortes na energia elétrica e o
desemprego em queda recorde favorecem a produtividade das empresas e a renda dos
brasileiros, que subiu 5% no ano passado. A previsão é que o fraco desempenho no
biênio 2011-2012 fique um pouco mais acelerado, mas ainda em ritmo
moderado.
As expectativas
continuam em estado de atenção no primeiro semestre. Para Ricardo
Martins, diretor do CIESP, distrital
Leste, o PIB industrial é de -2,30% em 2012, conforme dados do
Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central. Para 2013, caso o governo não
tome iniciativas de incentivar o crescimento e a produtividade, a situação pode
piorar. “Uma das consequências deste cenário é que a indústria está reduzindo a
sua participação no PIB – Produto Interno Bruto, para se ter uma ideia a
indústria representava 27,2% em 1985 e hoje não passa de meros 13,6%. Estes
dados reforçam a ideia de que enfrentamos um processo de desindustrialização”,
informa.
No setor
imobiliário, no entanto, de acordo com o Secovi, o aumento de 33,8% no crédito
imobiliário demonstra que o mercado está bastante ativo e com possibilidades de
crescimento em 2013. De acordo com dados da Caixa, o volume de empréstimos
imobiliários atingiu R$ 101 bilhões em 2012. Para este ano, o Programa Minha
Casa Minha Vida projeta conceder crédito de R$ 120 bilhões. Para Marco Aurélio
Luz, presidente
daAMSPA - Associação dos Mutuários de São Paulo e Adjacências,
no entanto, é necessário ter cautela e planejar bem, antes de fechar o negócio,
para evitar a inadimplência. “É aconselhável pedir uma planilha do banco com a
projeção de todas as parcelas do financiamento, incluindo as taxas extras e os
seguros que compõem a prestação. Também é essencial colocar todas as despesas no
papel e, junto com a família, verificar se as prestações não vão comprometer
mais do que 30% da renda familiar”, ressalta. “Além disso, o futuro mutuário
deve guardar uma reserva como os recursos do FGTS - Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço ou da poupança”, completa.
Já Weliton
Nascimento, diretor da Arezza, garante que não vão
faltar oportunidades de trabalho para os brasileiros. Em 2012, o comércio e a
indústria somaram 155 mil oportunidades de emprego temporário, 5,5% a mais que
no ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Serviços
Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem). “O serviço temporário é um
aliado importante para inserção no mundo do trabalho”, revela. De fato, estudo
feito pela International Confederation of Private Employment Agencies (Ciett),
mostra que, após uma experiência como temporário, a chance de o trabalhador
conseguir um novo emprego aumenta em 60%. As perspectivas com a Copa de 2014 e
Olimpíadas de 2016 aumentam as chances de empregabilidade.
Enquanto se pensa
nesses grandes eventos esportivos que o País vai receber,
a ABDEH - Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício
Hospitalar questiona se teremos infraestrutura para atender
situações de
emergência, já que os investimentos em unidades hospitalares não foram
significativos em 2012. Segundo Fábio
Bitencourt, presidente da
ABDEH, a construção de um
hospital leva em média quatro anos e o período de planejamento é de 12 meses. “É
preciso que todos envolvidos na área da saúde, inclusive engenheiros, arquitetos
e administradores hospitalares pensem melhor no gerenciamento dos recursos e no
planejamento das edificações hospitalares. Nesse contexto, a nossa
responsabilidade é grande para fazermos tudo às pressas. Se no projeto ou na
construção houver falhas ou até mesmo negligência, as consequências serão
sentidas por um longo período, dificultando ou até inviabilizando melhorias em
médio e longo prazos”, explica.
José Cleber do
Nascimento Costa, diretor geral do
INDSH - Instituto Nacional
de Desenvolvimento Social e Humano, concorda com o
raciocínio: “Gerir um ambiente de
saúde é um desafio, porque envolve a questão do recrutamento, seleção, admissão,
treinamento e retenção de talentos médicos, de enfermagem e de outras áreas são
cruciais. Além disso, é preciso pensar na logística de materiais e medicamentos
de uso no paciente, bem como em outros insumos também é preponderante. A
implantação de uma cultura profissional de administração ao lado de uma de
qualidade assistencial é outro ponto para reflexão. A manutenção e atualização
do parque de equipamentos, instrumentos, áreas físicas e tecnologias é mais um.
Assim, são vários os obstáculos, que normalmente são superados por um
entendimento dos problemas de saúde da comunidade, do mapeamento estratégico
feito ao lado de um bom plano diretor de medicina, ambos norteados pelo BSC
– Balanced ScoreCard, uma ferramenta de gestão cada vez mais utilizada para
gerir estabelecimentos de saúde. O financiamento e o acesso aos serviços de
saúde também são desafios permanentes”, revela.
Consumo
As altas
temperaturas do verão 2013 também irão fazer crescer significativamente o
consumo de sorvete no Brasil. Em 2011, o brasileiro consumiu 1,167 bilhão de
litros de sorvete, quase 4,5% a mais que no ano anterior, segundo a Associação
Brasileira das Indústrias de Sorvetes. Por ano, o consumo individual fica pela
ordem de seis litros, o que não é considerado um percentual excepcional, já que
na vizinha Argentina o consumo é de 8 litros.
Na Itália, o número
sobe para 16 litros por ano e nos Estados Unidos chega a 26 litros anuais. Aqui
no País, os consumidores de sorvetes acabam de ganhar um forte aliado: o lançamento dos
sorbets (sorvetes) da Le Naturelle, linha orgânica do
País, que adiciona o item saudável na composição do produto.
Para auxiliar os
empresários a satisfazerem sua clientela, em 2012, chegou ao País um dos
carros-chefes da empresa portuguesa Qmetrics. Em parceria com a
USP, o Índice Brasileiro de Satisfação do Cliente (BCSI) passa
medir qualitativa e quantitativamente a satisfação do cliente brasileiro.
Depois de um estudo
preliminar, os primeiros setores escolhidos para a pesquisa são os bancos e as
operadoras de celular. Além dos resultados por empresa, terão a comparação
direta entre companhias e setores nacionais e internacionais afins. Em junho de
2013, os resultados da primeira edição do BCSI serão
divulgados.
Ainda na área de
bens de consumo, a tecnologia 3D tem auxiliado na redução de custos de
prototipagem, marketing e vendas. As soluções interativas já são utilizadas por
vários setores industriais de bens de consumo, automobilístico e aeroespacial,
desde o projeto até o acabamento dos protótipos virtuais. “A
metodologia funciona como meio de comunicação entre os fornecedores e o
fabricante, internamente na empresa ligando as áreas design,
engenharia, marketing e vendas, utilizando um único modelo virtual hiperrealista
como referência em todos os setores. Finalmente, realizam a comunicação entre o
fabricante e o cliente, apresentando o produto em formas mais atrativas,
inovadoras, despertando uma resposta emotiva no consumidor final”, descreve
Luis Pierri, da RTT Brasil. No comércio, os
primeiros a adotar a novidade são as concessionárias de veículos, que já podem
oferecer aos seus clientes uma visualização geral de seu carro, nas cores e
padrões escolhidos, mesmo antes do objeto de consumo sair da fábrica.
Com mais dinheiro no
bolso e mais poder de compra, o brasileiro finalmente aderiu à popularidade dos
cupons de desconto. Estudo da Harvard indica, porém, que apenas cerca de 1% de
todos os cupons de descontos são sempre utilizados. O mesmo estudo revela que os
cupons não resgatados elevam as vendas das lojas associadas em 60%. O
experimento foi feito ao longo de 16 meses, com oito varejistas americanos, em
campanhas com acima de 500 mil usuários, para itens de mais de 300
marcas.
Para Cesar
S. Cesar, diretor da Unidade Digital da Carvajal,
empresa mantenedora do Viva Cupom, a popularidade dos cupons de
descontos está relacionada a uma mudança de comportamento dos usuários.
Outro efeito da publicação de cupons é a visibilidade que as ofertas regionais
ganham em ferramentas de busca, como o Google, que indexam cada novo cupom
criado e passam a exibir em seus resultados.
Já para o diretor de
arte da LINK Portal da Comunicação, Ed Coelho,
a Internet revoluciona os caminhos para os bons negócios. “Atuar na rede
tornou-se uma grande oportunidade de crescimento para as empresas. Afinal, pela
Internet as organizações podem desenvolver seu site corporativo, atuar
nas redes sociais para reforçar sua posição e ganhar a confiabilidade de um
público ascendente”.
Corrupção
Por fim, passada a
turbulência do julgamento do mensalão, fica a pergunta: somos todos corruptos?
De acordo com o ranking divulgado pela ONG Transparência Internacional
(TI), com a análise de 176 países sobre corrupção, o Brasil aparece no 69°
lugar.
Outra pesquisa recente, do Instituto Vox Populi e a Universidade Federal de
Minas Gerais, revela que 23% dos entrevistados disseram que dar dinheiro a um
guarda de trânsito para evitar multa não pode ser considerado como ato
corruptível. Além disso, para 29% sonegar imposto não é uma falha de caráter. Já
22% dos consultados acreditam que pessoas pobres devem aceitar ajuda de
políticos em troca do voto.
Antenor
Batista, autor do livro
“Corrupção: O 5° Poder – Repensando a ética” (Edipro), explica: “infelizmente, a
inclinação para ser corrupto ou corruptor está no DNA humano, acionada pelo
egoísmo ou pelo desejo ilimitado, ou seja, está presente em todos os setores em
que o homem atua. É, portanto, inerente à natureza humana. Na verdade, as
pessoas nascem com propensão para a fraude, a qual se manifesta de acordo com as
circunstâncias”. Será?
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