BRASILEIRO EMANUEL DIMAS DE MELO PIMENTA PROFERE PALESTRA SOBRE ARQUITETURA ESPACIAL NO MIAMI DADE COLLEGE, DA FLORIDA
No último dia 16 de abril, o empresário, arquiteto, músico brasileiro Emanuel Dimas de Melo Pimenta proferiu uma palestra no Miami Dade College, da Florida, sobre o tema
ARQUITETURA ESPACIAL. R eproduzimos aqui uma entrevista exclusiva que ele deu ao jornal da comunidade brasileira da Florida “AcheiUSA”, para a repórter Joselina Alves:
Por que o tema arquitetura espacial?
Vivemos hoje uma verdadeira corrida espacial, muitíssimo mais intensa do que acontecia nos anos 1960 ou 1970, por exemplo. Até agora todos os projetos espaciais foram exclusivamente de engenharia e de responsabilidade militar. Pode parecer estranho, porque temos tido muitas imagens da chamada "conquista espacial" nas últimas décadas, mas até agora a sociedade civil não participou em qualquer projeto espacial de forma independente. A arquitetura é um importante fenômeno civilizatório. Ao contrário da engenharia - que resolve problemas técnicos - a arquitetura nos organiza enquanto seres humanos. A explosão nos projetos espaciais que assistimos hoje conduzirá inevitavelmente a atividades espaciais desconhecidas ou até agora pertencentes à ficção científica, como o turismo espacial. É muito importante que os arquitetos estejam capacitados para esse desafio. Por outro lado - tal como aconteceu com a engenharia e muito da tecnologia que usamos hoje na Terra - também a arquitetura espacial iluminará muitas soluções para o nosso planeta, não apenas para os mais ricos. Mas, uma arquitetura espacial não é simplesmente um tema, um assunto. Mais importante, ela é um método. Como trabalhar com uma arquitetura fora da Terra. Criei na FAU USP, através do NUTAU, com o arquiteto Bruno Padovano, o primeiro curso de arquitetura espacial no hemisfério sul da Terra. E a conferência é sobre tudo isso.
Fale mais sobre Kairos?
Kairos foi o resultado de alguns anos de pesquisa na área de arquitetura espacial. Trata-se de um projeto para um edifício orbital. Não se trata de ilustração, mas de um projeto preliminar completo, com as designações técnicas, estudos de materiais etc. Publiquei um livro sobre ele em 2011 - Kairos: Um Pássaro em Órbita da Terra. O livro foi publicado em duas edições, português e inglês, e é distribuído pela Amazon. Kairos é um edifício pela paz mundial. Não é retórica. Vários estudos mostram que os conflitos são gerados, grande parte das vezes, pelo desconhecimento da outra parte. Quando alguém não tem noção do outro, geralmente considera-se mais importante, porque julga o que o outro faz tomando como referência aquilo que é. Assim, temos conflitos étnicos, religiosos, políticos, raciais entre outros espalhados um pouco por todo o mundo. A função desse edifício é levar para o espaço pessoas da sociedade civil dos mais variados países, de diferentes religiões, etnias, raças etc. para observar a Terra. Tudo foi estudado nesse sentido, desde a trajetória do edifício, passando a cerca de 600 quilômetros de altitude sobre virtualmente todas as grandes cidades do mundo a cada 21 horas, até aspectos médicos como o impacto da microgravidade sobre os músculos e ossos.
De onde vem o nome Kairos?
Os antigos gregos tinham duas palavras para a ideia de "tempo". Uma é cronos, que indica aquilo que chamamos de diacronia, o nosso tempo feito de uma coisa após a outra. A outra palavra era kairos, que indica a ideia de "tempo profundo". Esse conceito de "tempo profundo" desapareceu. Ele era comum na Suméria, passando pelas diferentes sociedades mesopotâmicas. "Tempo profundo" é uma abordagem total de um bolsão de tempo. Por exemplo, quando falamos no Egito antigo, sabemos o que é, determinamos como um conjunto relativamente bem definido de tempo e de espaço. O mesmo acontece quando falamos no Brasil de uma determinada época. Essa ideia, essa espécie de imagem, é uma forma de "tempo profundo". Quando uma pessoa vai para o espaço, vê a Terra como um todo, como um tempo presente profundo.
Quem foi o público da sua palestra?
Professores e alunos. O Miami Dade College uma das maiores universidades do mundo hoje, com cerca de duzentos mil alunos. Foi uma experiência muito gratificante.
ARQUITETURA ESPACIAL. R eproduzimos aqui uma entrevista exclusiva que ele deu ao jornal da comunidade brasileira da Florida “AcheiUSA”, para a repórter Joselina Alves:
Por que o tema arquitetura espacial?
Vivemos hoje uma verdadeira corrida espacial, muitíssimo mais intensa do que acontecia nos anos 1960 ou 1970, por exemplo. Até agora todos os projetos espaciais foram exclusivamente de engenharia e de responsabilidade militar. Pode parecer estranho, porque temos tido muitas imagens da chamada "conquista espacial" nas últimas décadas, mas até agora a sociedade civil não participou em qualquer projeto espacial de forma independente. A arquitetura é um importante fenômeno civilizatório. Ao contrário da engenharia - que resolve problemas técnicos - a arquitetura nos organiza enquanto seres humanos. A explosão nos projetos espaciais que assistimos hoje conduzirá inevitavelmente a atividades espaciais desconhecidas ou até agora pertencentes à ficção científica, como o turismo espacial. É muito importante que os arquitetos estejam capacitados para esse desafio. Por outro lado - tal como aconteceu com a engenharia e muito da tecnologia que usamos hoje na Terra - também a arquitetura espacial iluminará muitas soluções para o nosso planeta, não apenas para os mais ricos. Mas, uma arquitetura espacial não é simplesmente um tema, um assunto. Mais importante, ela é um método. Como trabalhar com uma arquitetura fora da Terra. Criei na FAU USP, através do NUTAU, com o arquiteto Bruno Padovano, o primeiro curso de arquitetura espacial no hemisfério sul da Terra. E a conferência é sobre tudo isso.
Fale mais sobre Kairos?
Kairos foi o resultado de alguns anos de pesquisa na área de arquitetura espacial. Trata-se de um projeto para um edifício orbital. Não se trata de ilustração, mas de um projeto preliminar completo, com as designações técnicas, estudos de materiais etc. Publiquei um livro sobre ele em 2011 - Kairos: Um Pássaro em Órbita da Terra. O livro foi publicado em duas edições, português e inglês, e é distribuído pela Amazon. Kairos é um edifício pela paz mundial. Não é retórica. Vários estudos mostram que os conflitos são gerados, grande parte das vezes, pelo desconhecimento da outra parte. Quando alguém não tem noção do outro, geralmente considera-se mais importante, porque julga o que o outro faz tomando como referência aquilo que é. Assim, temos conflitos étnicos, religiosos, políticos, raciais entre outros espalhados um pouco por todo o mundo. A função desse edifício é levar para o espaço pessoas da sociedade civil dos mais variados países, de diferentes religiões, etnias, raças etc. para observar a Terra. Tudo foi estudado nesse sentido, desde a trajetória do edifício, passando a cerca de 600 quilômetros de altitude sobre virtualmente todas as grandes cidades do mundo a cada 21 horas, até aspectos médicos como o impacto da microgravidade sobre os músculos e ossos.
De onde vem o nome Kairos?
Os antigos gregos tinham duas palavras para a ideia de "tempo". Uma é cronos, que indica aquilo que chamamos de diacronia, o nosso tempo feito de uma coisa após a outra. A outra palavra era kairos, que indica a ideia de "tempo profundo". Esse conceito de "tempo profundo" desapareceu. Ele era comum na Suméria, passando pelas diferentes sociedades mesopotâmicas. "Tempo profundo" é uma abordagem total de um bolsão de tempo. Por exemplo, quando falamos no Egito antigo, sabemos o que é, determinamos como um conjunto relativamente bem definido de tempo e de espaço. O mesmo acontece quando falamos no Brasil de uma determinada época. Essa ideia, essa espécie de imagem, é uma forma de "tempo profundo". Quando uma pessoa vai para o espaço, vê a Terra como um todo, como um tempo presente profundo.
Quem foi o público da sua palestra?
Professores e alunos. O Miami Dade College uma das maiores universidades do mundo hoje, com cerca de duzentos mil alunos. Foi uma experiência muito gratificante.
Auditório na conferência do Miami Dade College
Palestrante Emanuel de Melo Pimenta e Márcia Mello,
diretora do Departamento de Relacionamento do Miami Dade College
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