Premiada bailarina, Marta Soares vive experiência de soterramento em Vestígios - a partir de 16/3
Marta
Soares apresenta a instalação coreográfica Vestígios
A partir de pesquisa em cemitérios indígenas pré-históricos na região
de Laguna, em Santa Catarina, a obra propõe uma
experiência deescavação arqueológica, interceptando as linguagens da dança, artes visuais (vídeo e instalação) e
performance. Para a pesquisa,a bailarina e coreógrafa fez imersões físicas nesses locais.
O espetáculo é agora apresentado no Liceu de
Artes e Ofícios
Uma
plataforma de 2,5m x 3m, coberta por camadas de pedras de arenito rachadas e
areia, cujos grãos são espalhados pelo vento gerado por ventiladores. Nesse
cenário, com sons de vento e aves, simulando uma escavação arqueológica,
Marta Soares realiza sua performance. Depois de temporada no SESC
Pinheiros e apresentações na Bélgica, a bailarina e coreógrafa leva a
instalação coreográfica Vestígios ao Liceu de Artes e
Ofícios, a partir do dia 16 de março, sexta-feira, às 21 horas.
Em
tempo, Marta Soares - que traz no currículo a experiência de ter estudado
dança butô com o mestre
Kazuo Ohno - está concluindo sua tese de doutorado sobre o processo de
criação do espetáculo Vestígios, sob orientação da professora dra. Suely Rolnik, no
Núcleo de Subjetividade no Programa de Psicologia Clínica na PUC/SP. Vestígios está
sendo realizado com o apoio do Programa Municipal de Fomento à Dança 10ª
Edição 2011.
A obra é fruto de pesquisa de campo
realizada nos sambaquis - cemitérios indígenas, espécie de sítios
pré-históricos, localizados na região de Laguna, Santa Catarina -, onde há
milhares de anos aconteciam cerimônias fúnebres. Vestígios resulta de imersões
físicas feitas pela artista (bacharel em Artes pela State University of New York
e certificada pelo Laban Centre for Movement and Dance, em Londres) nessas
escavações arqueológicas. O objetivo dela era investigar a relação do corpo com
o ambiente, captar imagens em vídeo e coletar sons e vestígios materiais.
Na
arqueologia, os sambaquis são pouco estudados. Por muito tempo eles eram tidos
como meros depósitos de lixo ancestral. A partir
dos anos 80, descobriu-se que eram locais sagrados, comenta Marta Soares.
O que me interessou nos sambaquis é o fato
de serem cemitérios pré-históricos e abrigarem questões referentes aos seus
aspectos monumentais e sagrados. Meu interesse é deslocar resíduos materiais,
psíquicos e sensoriais do sagrado e do monumental para o urbano, diz a artista.
Para a trilha sonora, Marta Soares chamou Lívio Tragtenberg. No
processo de pesquisa recolhemos sons da área dos sambaquis, e Lívio trabalhou
isso tecnologicamente. O que ficou do lugar foram os sons dos ventos, imagem
sonora mais forte dali, simultaneamente aos sons de insetos,
aves e animais que se locomovem pelo ambiente para reconstruir a espacialidade
ampla do lugar , conta Marta Soares.
Em uma das visitas aos sambaquis, o fotógrafo Ding Musa fez uma série
de imagens da paisagem do entorno usando a técnica de time lapse
(fotografar a mesma imagem seguindo determinados intervalos de tempo). Estas
fotografias foram convertidas em vídeo por Leandro Lima, com a proposta de
apresentar a transformação daquele espaço por meio do tempo.
O resultado é visto em cena numa projeção de 12m x 2,40m, dividida em
dois telões de 6m x 2,40m cada. O vídeo tem imagens panorâmicas da paisagem.
O vídeo, com
projeções panorâmicas da paisagem, traz referência ao culto ancestral, por meio
de cenas do fechamento da área funerária, explica Marta.
Em cena, penso no corpo como container que armazena informações do
lugar. A performance está relacionada à
memória social dos sambaquis e a atividades realizadas para a deposição do morto
- preparação da área funerária, enterramento do corpo, colocação de oferendas,
uso de lareiras, demarcação com estacas e banquete só que invertidas. Ou seja,
a obra é de fato um ritual de exumação que transporta o público a um
processo de sepultamento.
Vestígios monumentais no urbano
Para Marta Soares, o ponto de partida de Vestígios é a exploração de aspectos monumentais e sagrados dos sambaquis. Isso, por meio dos vestígios dos rituais de sepultamento, do conceito de rastro e da questão da ausência da presença nele contida.
De acordo com a bailarina e coreógrafa, ao resgatar a nossa memória ancestral pré-colonial, Vestígios propõe ao público uma reflexão sobre a necessidade atual de trazer à tona no campo das artes e da vida forças de criação e resistência em um exercício intenso do sensível, em uma relação com o mundo como campo de forças e não como forma e representação.
Vestígios
propõe
ao público uma viagem ficcional entre o não lugar, espaço
da instalação, e o lugar, o
espaço de fora, onde se encontram os sambaquis pesquisados. Concebi uma
performance sintética, a partir
sensações captadas naquele ambiente e fiz um recorte, propondo, portanto, ao
público uma viagem ficcional para aquele lugar, conclui Marta, citando outra
referência do espetáculo, Robert Smithson, um dos criadores da land
art.
Sobre MARTA SOARES
Marta Soares é dançarina e
coreógrafa. Completou o One Year Course no Laban Centre for Movement and Dance em
Londres. Em Nova York
completou o bacharelado em artes (BA) no Empire State College na State
University of New York (SUNY), o Certificado em Análise de Movimento Laban (CMA)
no Laban/Bartenieff Institute of Movement Studies (LIMS), estudou e trabalhou
com a diretora e dramaturga Lee Nagrin (fundadora do grupo The House dirigido
por Meredith Monk e ganhadora do Prêmio OBIE de dramaturgia) e nas escolas
Movement Research , Susan Klein e Alwin Nickolais, entre outras. Apresentou os
seus trabalhos em show cases em
teatros downtown de Nova York: PS
122, DIA Arts Foundation e The Knitting Factory. Recebeu a Bolsa para artistas
da Fundação Japão, com a qual estudou dança butô com Kazuo Ohno, em
Tóquio.
No Brasil
criou entre outros: o solo Les Poupées (Prêmio APCA 1997 na categoria Pesquisa
em Dança) com o apoio da Bolsa Rede Stagium ; o trabalho em grupo Formless
(Prêmio APCA 1998 na categoria trilha sonora desenvolvida por Lívio Tragtenberg)
com o apoio do Prêmio Estímulo Flávio Rangel de Artes Cênicas do Ministério da
Cultura e Funarte; o solo O Homem de
Jasmim (Prêmio APCA 2000 nas categorias concepção/ direção e vídeo/cenografia)
com o apoio da Bolsa Vitae de Artes e do Prêmio Estímulo de Dança - Novas
Linguagens Coreográficas da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo,
apresentado, entre outras, na Mostra
Rumos Dança 2000/2001 no Itaú
Cultural.
Colaborou com
a bailarina Miriam Druwe na criação do
solo Estar Sendo para a mostra Livre
Transito no evento Dança em Pauta no
Centro Cultural Banco do Brasil. Recebeu a Bolsa para Pesquisa e Criação
Artística da John Simon Guggenheim Foundation desenvolvendo o solo O Banho (Prêmio APCA 2004 na categoria
instalação coreográfica) o qual estreou na Galeria Vermelho durante a Mostra
Rumos/Dança 2003/2004 do Itaú Cultural.
Dirigiu o solo "206" (Prêmio APCA 2004 na categoria instalação
coreográfica) interpretado pela bailarina Lilia Shaw para o evento Solos em Questão da Cia. 2 do Ballet da Cidade de São Paulo
.
Desenvolveu o
espetáculo em grupo Um corpo que não agüenta mais com o apoio do I e IV
Programa Municipal de Fomento a Dança da Secretaria de Cultura da Cidade de São
Paulo e da Prefeitura da Cidade de São Paulo,
o qual estreou em uma temporada na Mostra SESC de Artes Circulações em
2007 e realizou uma segunda temporada no Espaço Viga em 2008. Recebeu o VI
Programa Municipal de Fomento à Dança da
Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo e o Prêmio Rumos/Dança do Itaú Cultural 2009/
2010 para desenvolver a instalação
coreográfica Vestígios indicada ao
Prêmio BRAVO! 2010 e ganhadora do Prêmio APCA 2010 na categoria Pesquisa em
Dança.
Os seus trabalhos foram
apresentados em vários festivais entre os quais destacam-se: Europália na
Bélgica, In Transit em Berlim,
Fórum Internacional de Dança em
Belo Horizonte (FID), Festival Panorama
Rio Arte de Dança, Festival Porto Alegre Em Cena, Festival Internacional de
Dança de Recife , Bienal Internacional
de Dança do Ceará e Festival de Dança de Joinville. É mestre em Comunicação e Semiótica pela
Universidade Católica de São Paulo (PUC), onde leciona no curso de Comunicação
das Artes do Corpo e é doutoranda no
Núcleo de Subjetividade no Programa de Psicologia
Clínica.
Ficha
Técnica:
Concepção,
Direção Geral e Perfomance: Marta
Soares. Desenho de Som: Lívio Tragtenberg. Desenho de Luz: Andre
Boll. Espaço Cenográfico: Renato Bolelli Rebouças. Assistente de
Cenografia: Beto Guilguer. Contra regra: Manuel Fabrício de Oliveira.
Vídeo: Leandro Lima. Fotografia: Ding Musa. Captação de
Som: Fernando Mastrocolla de
Almeida. Designer Gráfico:
Sato / Casa da Lapa.
Registro: João Caldas. Assistentes: Manuel Fabrício e Bruno Mendonça.
Direção de Produção: Cristiana Klein (Dionísio Produção) Assessoria de
imprensa: Ferrnanda Teixeira/ Arteplural.
Para
roteiro:
Estreia dia 16 de março, sexta-feira, às 21
horas no Liceu de Artes e
Ofícios. Rua Jorge Miranda, 676 Centro São Paulo - Próximo à estação
Tiradentes do Metrô. Telefone: (11) 9360.2647. Reservas:
cristiane@dionisio.net.br. Temporada: 16, 17, 18 de março, 24, 25 de março, 31 de março, 1, 7 e 8 de abril. Sexta, às
21h. Sábados e domingos às 20h. Entrada Franca (retirar ingressos com uma
hora de antecedência). Capacidade: 100 lugares. Duração: 55
minutos. Censura: 10 anos. ARTEPLURAL Assessoria de imprensa
Nome de prestígio no cenárfio da dança nacional e
internacional,
a bailarina e coreógrafa premiada Marta Soares volta em cartaz com o espetáculo de dança Vestígios, a partir do dia 16 de março, sexta-feira, às 21 horas, no Liceu de Artes e Ofícios. Para montar a instalação coreográfica, Marta Soares fez imersões físicas em cemitérios indígenas pré-históricos na região de Laguna, em Santa Catarina. |
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