Ovadia Saadia breve biografia e apresentação resumida

Glamour, paetês e luxo eram indispensáveis na vida noturna dos anos 80, na capital paulista. E foi esse ambiente de muito brilho e badalação, recheado de celebridades e de figuras do high society, que encantou o colunista social, relações-públicas e assessor de imprensa Ovadia Saadia, 45 anos. “Tinha 20 anos quando decidi que era nesse mundo que queria ficar”, afirma. Como recordação desse período áureo, Ovadia guarda mais de 5 mil convites de eventos.
De origem egípcia, nasceu em Alexandria, Ovadia chegou a São Paulo com a família, a bordo de um navio de emigrantes israelitas, nos anos 60. Aos 18 anos, ajudava o pai na papelaria da família. Era mau aluno e não sabia o que fazer da vida. “Ficava trancado no meu mundo, não me interessava por nada, o típico perfil de um looser”, descreve.
Mas sua vida iria mudar quando já assinava a coluna de variedades do jornal Resenha Judaica, em 1981, e bateu na porta da nova boate da cidade, o Regine’s, ainda em construção, e pediu emprego à própria Madame Regine, dona da franquia homônima de milionárias boates, os chamados Clubes Prives espalhados pelas capitais do mundo com sede em Paris.. “Bendito dia em que peguei dois ônibus e bati na porta do Regine’s. Se não, ainda estaria trabalhando atrás de um balcão na papelaria”. Depois do Regine’s, foi assessor e relações-públicas de boates e hotéis luxuosos, tanto em São Paulo, como em Paris. E, claro, não perdia uma festa do grand monde.
Hoje, sua vida é bem mais tranquila. Ovadia é dono de uma empresa de comunicações e também de uma empresa comercial da família há décadas, a Sadex Plus, gerida pela família e pelo seu irmão-sócio Daniel Saadia.
Ao remexer nas caixas de convites, Ovadia relembra, saudoso, de todos os momentos que viveu: “Conheci artistas, como Alain Delon, Aznavour, Sarita Montiel, Brigitte Bardot, Sylvia Kristel, Maria Schneider, Anthony Perkins, Ricky Martin, Shakira, Madonna, Julio Iglesias, Michael Jackson em São Paulo mesmo, Jane Fonda, e Dalida, e cheguei a ficar riquíssimo uma época”, diverte-se.
. Apesar das boas lembranças, ele reconhece que houve um momento em que mergulhou fundo nas festas: “Nesse mundo, tudo é excessivo: intrigas demais, pessoas demais!” Hoje, diz, o clima das festas não é o mesmo de sua época: “A gente dançava muito, dava risada, conversava a noite inteira. Hoje os jovens bebem mais, tudo mudou”, opina. Sinto falta de muita gente que não está mais aqui, como meus pais, Dulce Damasceno, a colunista brasileira de Hollywood que foi minha madrinha na carreira, o Clodovil que era meu confidente, a atriz Ivette Bonfá e tantos outros, suspira.
Convites de inaugurações de restaurantes que faliram, de casamentos que não deram certo, de boates que não vingaram. As histórias, impressas em papel timbrado, contam, além do desenrolar da vida noturna da cidade, a revolução que tomou conta da indústria gráfica. “Era especial receber um convite, com todos os detalhes e caprichos. Hoje é tudo por e-mail”, lamenta

Hoje Ovadia preside a Apacos, Associação Paulista dos Colunistas Sociais; escreve diariamente sobre turismo e sobre gente, viaja pelo mundo, é fã de Miami, Jerusalém e Tel Aviv e cruzeiros temáticos. Ovadia atualmente também é Relações Públicas de alguns bares e restaurantes de São Paulo bem como de badaladas redes de hotéis nacionais e internacionais. “Uso meu know how de ter atuado nos melhores hotéis de São Paulo e do Brasil nos últimos anos anos para fazer tudo acontecer”, resume orgulhoso.

Linkado em redes sociais, tecnologia e no modernismo necessário dos dias atuais, em seus planos está o lançamento de um livro de memórias “ Rápido, antes que eu me esqueça”, (cujos trechos já foram publicados em seu site e várias revistas) onde vai publicar muitas histórias que são o resumo social de São Paulo dos últimos 30 anos. Com muitas fotos, cheias de personalidades e personagens que fizeram e fazem de São Paulo uma cidade única, adianta.
 Um pequeno amontoado dos mais de 5 mil convites da coleção


Revista da FOLHA de São Paulo
14/12- 2011 -10h07
Brasileiro coleciona 5.000 convites e esteve em festa com Alain Delon
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FERNANDO MASINI
da Revista da Folha


Ninguém freqüentou mais a noite de São Paulo do que o relações-públicas Ovadia Saadia. É fácil provar isso ao vasculhar os mais de 5.000 convites que ele guarda em caixas de sapato no seu apartamento, em Higienópolis. São registros de casamento, inauguração de hotéis, shows, aniversários, peças de teatro e principalmente festas em casas noturnas.

Ovadia, 45, assegura que compareceu em quase todos os eventos. "Acho que eu saí demais, exagerei", diz. Um deles é especial por ter marcado uma reviravolta na sua vida: o convite de inauguração em 1981 da boate Regine's, propriedade do casal francês Choukroun. A casa foi um reduto da alta sociedade paulistana e teve na noite de estréia a presença do ator Alain Delon e show do cantor Charles Aznavour.

Ovadia conta que foi atrás dos donos, três dias antes da abertura, e relatou a saga de sua família que havia sido expulsa do Egito, nos anos 60. A história lhe garantiu uma entrada. "De repente, estavam todas aquelas celebridades na minha frente", recorda-se ele, que tinha 21 anos e cursava administração na USP. "Resolvi mudar de ramo. Esse convite virou um talismã na minha vida." As fotos da célebre noite estão guardadas em álbuns.

Os papéis colecionados por Ovadia há 27 anos servem como testemunho das transformações que ocorreram na cidade em diversas áreas. Muitos costumes estão ali registrados: a evolução dos trajes, o incremento gastronômico, as inovações da moda e o próprio aperfeiçoamento da tipografia.

Da boate Limelight, que ferveu no Itaim dos anos 90, ele guarda o folheto que anuncia uma noite especial, todas as quintas, com o melhor da dance music. No convite da Ta Matete, outra discoteca ilustre dos anos 80 que ficava na avenida Nove de Julho, há os detalhes sobre a noite de terça-feira, o dia mais lotado da casa: "Você vai reviver o prazer de dançar com o rosto colado como nos velhos tempos".

Menu saudosista
Ovadia tira do fundo do baú o menu do Roanne, no qual aparecem as delícias de uma semana gastronômica promovida em 1988. O restaurante francês, aberto nos Jardins um ano antes, foi o responsável pela vinda do chef Emmanuel Bassoleil para o Brasil.

Na lista de convites de inauguração de restaurantes, o relações-públicas destaca aqueles de lugares que sobreviveram poucos meses. "É provável que nem os proprietários saibam da existência", brinca. "Neste caso, os convites são uma prova histórica." O King Size, por exemplo, anuncia seu debute como "o novo point que chega à cidade com propostas saborosas de saladas, steaks e pastas". Não emplacou nada...

Um dos itens mais luxuosos da coleção é o convite da festa de fim de ano do hotel Plaza Athénée, em Paris: é grená e tem uma janelinha de papel enfeitada com fios dourados.

O colecionador dos convites impressos lamenta o fato de que quase tudo hoje em dia ser divulgado por e-mail. Ovadia fala da coleção em tom saudosista, ora relembrando um amigo que se afastou com o tempo, ora reproduzindo com detalhes as festas. "Quando abro um convite, me vem a festa inteira na cabeça. Eles são carregados de emoção."

Festeiro profissional, ele acha que a maioria dos eventos atuais perdeu a graça. Falta polêmica. Diz que ficou tudo muito protocolar.

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